segunda-feira, 25 de julho de 2016

Juliana Perdigão e os Kurva: Mãe da Lua


A ave de nome Urutau (mãe da lua) emana cantos de profundo lamento por perdas de entes muito queridos. A perda absoluta provocada pela morte nunca se fecha. Mas nem toda perda é dor e nem toda dor é para findar; a dor de se tornar uma fruta madura e pender ao chão é recompensada porque vale a pena tornar-se adulto, tornar-se profissional naquilo que se faz. O parnasiano e o simbolista caminham pela canção e estou soando muito sério hoje, um cocheiro bêbado de Rimbaud finaliza com o teclado.


Um ponto para a bateria impecável, um ponto para a combinação letra melodia, um ponto para a imbricação da forma com esse refrão intercalado pelo tema, um ponto pelo eclipse lunar! O bônus é duplo porque temos um álbum, e pela concisão sonora absurda que até dificulda falar isoladamente dos instrumentos.


Nota: 6




sábado, 16 de julho de 2016

Carne Doce: Idéia


Um som qualquer, um acorde qualquer, qualquer coisa por um tempo e um desconcertante quilo de instrumento humano que canta. É muito urgente, é muito urgente quando existe música pelas quatro paredes e por todo um álbum. Álbum existe. E existe um estado entre o realismo sólido e o tético fissurado.


Um ponto para a banda e suas sutis inflexões, três pontos para essa coisa entre voz, som e artista, um ponto pelo sui generis e bônus duplo pela letra, pelo impávido e por soar como coisa a ser dita. 


Nota: 7







segunda-feira, 11 de julho de 2016

Diego de Moraes e O Sindicato: Todo Dia


Esvaziar todo o seu luxo, seu ego e sua pretensa fantasia de alta cultura impressa nessas roupas e produções de vídeo com harmonias gentis nessa música que não passa de trilha sonora de operadora de celular. Não confio nessa amizade; o cru e a azia continuam melhores do que o guisado dos novos tempos. Falando de coisa séria, todo mundo pensa que estamos na era onde tudo é colagem. Então se eu colo duas fitas magnéticas pensam que minha musica é colagem. Não. Colagem foi a técnica que tu usou, isso não quer dizer que soa colado. Escutar uma colagem é coisa rara no ambiente florestal urbano, trouxemos um espécime aqui para vocês.


Um ponto pela letra "aceito aceitar", um ponto pelas colagens, um ponto pela forma lenta e paciente, e um bônus, pela meninice, pelo serialismo despretensioso e àquela anti-coda similar a tomorrow never knows.


Nota: 4



segunda-feira, 4 de julho de 2016

Alarde: Vida Bandida


Estamos vivendo uma época de bandas de plástico com letras de papel manteiga derretida, mas o menu sem frescuras sonoras ainda existe. Nada substitui os fatos irmão. Nada substitui ter estado em todas as bocas e visto todo tipo de vida, as que deram certo e as que deram errado, irmã. Não precisa muito para fazer a coisa funcionar onde ela têm que funcionar, não deixe a harmonia te transportar três décadas atrás, só isso, e conte sua história.

Um ponto pela harmonia arpejada, um ponto por esse vocal pano de chão, um ponto pelo que a letra consegue fazer. A coda ficou curta, mas junto com a ambiguidade da frase "fora dessa vida bandida" e por esquivarem do rótulo "pop rock brasil" ganham um bônus!


Nota: 4